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Alto Minho desiludido com governos de Portugal e Espanha pela desvalorização do impacto da reposição das fronteiras

O presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira disse hoje estar “completamente desiludido” com os governos de Portugal e Espanha por “desvalorizarem” o impacto da reposição de fronteiras nos municípios portugueses e galegos banhados pelo rio Minho.

Lamentamos a descoordenação dentro do governo e entre governos, mas lamentamos ainda mais a desvalorização que fazem da situação concreta da região de fronteira do rio Minho, sistematicamente prejudicada por políticas centralistas dos sucessivos governos que não atendem às justas reivindicações das populações de fronteira, ignorando ou desconhecendo a realidade local“, afirmou Fernando Nogueira, citado numa nota enviada à imprensa.

O autarca, que é também vice-diretor Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho, lamentou ainda o facto de o assunto não ter sido abordado na reunião do Conselho de Ministros, na quinta-feira.
“Estamos completamente desiludidos”, frisou.

Fernando Nogueira disse esperar “uma minimização desta injustiça“, e reforçou que a luta dos municípios da raia vai continuar, “por ser justa”.

O controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23:00 do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada devido à pandemia de covid-19.

Atualmente, no distrito de Viana do Castelo, a ponte nova sobre o rio Minho, que liga as cidades de Valença e Tui, é o único ponto de passagem autorizado para trabalhadores transfronteiriços e transporte de mercadorias.

A reabertura das fronteiras entre Portugal e Espanha está prevista para 01 de julho.
Para o diretor do AECT Rio Minho, Uxio Benitez, citado na mesma nota enviada às redações, sublinhou que, “mesmo que ambos os governos avancem ou não com o dia 22”, os dois países “estão a falar de abertura total das fronteiras com caráter geral para o turismo”.

“Os governos não entendem, nem conhecem que antes dessa abertura para os turistas estão os trabalhadores transfronteiriços e a cidadania transfronteiriça. Aquele trabalhador que tem que percorrer 100 quilómetros a mais ou aquele comerciante que não pode abrir porque não podem passar os seus clientes.

Precisamos de uma solução imediata, pois esta é uma situação injusta”, sustentou.
O primeiro-ministro, António Costa, desvalorizou na quinta-feira “alguns anúncios unilaterais” do governo espanhol, que já foram desmentidos, sobre a reabertura das fronteiras com Espanha, considerando que “está tudo esclarecido” e que “está reposta a normalidade”.

O Governo espanhol esclareceu na quinta-feira que a abertura das fronteiras à “mobilidade internacional segura” terá lugar a partir de 01 de julho e não a 22 de junho, como tinha indicado a ministra do Turismo, uma mudança de posição de Madrid depois de Lisboa ter pedido “esclarecimentos” e manifestado estar “surpreendido” com as declarações da responsável governamental.

Na quarta-feira, presidentes de câmara portugueses e galegos de municípios banhados pelo rio Minho exigiram a reabertura “imediata” de mais três pontos entre Portugal e Espanha de forma a corrigir o que dizem ser uma injustiça dos dois Estados.

Doze dos 14 autarcas portugueses e galegos com municípios localizados ao longo de 70 quilómetros do rio Minho realizaram uma ação de protesto conjunta no meio da ponte internacional da Amizade, que liga Vila Nova de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo, a Tomiño, na Galiza, em Espanha, encerrada desde a reposição de fronteiras entre os dois países.

Do lado português participaram os autarcas de Melgaço (PS), de Monção (PSD), Valença (PSD), Paredes de Coura (PS) e Vila Nova de Cerveira (movimento independente), tendo faltado apenas Caminha(PS). Do lado espanhol marcaram presença os sete autarcas de A Guarda, O Rosal, Tominõ, Tui, Salvaterra do Miño, As Neves e Arco. Não marcaram presença os autarcas de Crecente e Caniza.