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Fortaleza de Valença transformou-se em monumento “deserto”

Em Valença, “não se vê viva alma” e a fortaleza, habituada a 12 mil pessoas por dia, transformou-se num monumento “deserto” que impressiona o presidente da Câmara.

“Não anda ninguém pelas ruas. Não fazem falta os dedos da mão para contar quem passa”, desabafou Manuel Lopes, olhando para o exterior do gabinete do edifício camarário, situado no interior nas muralhas.

A fortaleza, que é o principal ex-líbris daquele concelho, é anualmente visitada por mais de dois milhões de pessoas.

“Nas vésperas da Páscoa ou durante a festividades da Semana Santa entravam na fortaleza mais de 12 mil pessoas por dia. Hoje não se avista ninguém”, referiu.

Na segunda-feira, o Governo repôs o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem, como é o caso de Valença e Tui, na Galiza. As duas pontes sobre o rio Minho estão exclusivamente destinadas ao transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham de se deslocar por razões profissionais.

Desde então, disse, “se já havia pouco movimento, [a decisão governativa] parou tudo e fez parar 99,9% dos negócios do concelho pensados à medida dos vizinhos do outro lado do rio Minho, tão próximos e agora tão distantes”.

“O comércio está reduzido a uma fasquia muito baixa e não dá para sobreviver. Os concelhos da raia são os que mais vão sofrer com a reposição das fronteiras”, afirmou.

A medida de contenção da pandemia de Covid-19 está a ser “acatada” e “as filas de trânsito que se formam aqui e ali resultam do movimento intenso que aquela ligação entre Portugal e Espanha sempre registou”.

“As pessoas já estão devidamente informadas e nem sequer se fazem à estrada para cruzar para o outro lado ou vice-versa. Sabem, à partida, que não os vão deixar passar desde que não tenham motivo justificado, como por exemplo o trabalho. Tem sido um processo pacífico, apesar de algumas filas de camiões que se formam por se tratar das principais fronteiras do país, por onde passam, diariamente, mais de 25 mil veículos”, apontou.

Os dias “mudaram”, mas o autarca mantém a sua “rotina normal”. Pela manhã vai para Câmara Municipal e passa o dia a trabalhar, percorrendo os diversos serviços públicos para se “inteirar das situações e agir em conformidade”.

“Um capitão é o último a abandonar o barco. Entro aqui todos os dias às 07h00 e saio às 20h00. Visito o centro de saúde e os outros serviços camarários para inteirar do que faz falta e para poder agir em conformidade”, explicou.

O número de infetados pelo novo coronavírus subiu esta terça-feira para 448, mais 117 do que os contabilizados na segunda-feira, anunciou a Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, divulgado hoje às 12h00, há 4.030 casos suspeitos (mais 1.122), dos quais 323 (eram 374) aguardam resultado laboratorial. Segundo a DGS, há três casos recuperados.