Finalistas e caloiros celebram um dos momentos mais simbólicos da vida académica com sátira, homenagens e muita música
Viana do Castelo viveu esta quarta-feira um dos dias mais vibrantes e emotivos do ano académico. Centenas de estudantes do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) desfilaram pelas ruas da cidade no tradicional Cortejo Académico, evento que marca um dos pontos altos da Semana Académica. Com cartolas amassadas, capas ao ombro, vozes roucas e corações cheios, estudantes de todas as escolas superiores celebraram o fim — ou o início — de um ciclo.
Entre lágrimas de despedida e gargalhadas de alegria, o cortejo partiu da Escola Superior de Tecnologia e Gestão e terminou na Escola Superior de Educação, percorrendo algumas das principais artérias da cidade. Este ano, o evento bateu um recorde de participação, com “o maior número de carros participantes de sempre — 20”, segundo Henrique Maciel, presidente da Federação Académica do IPVC.
Mais do que uma festa estudantil, o cortejo foi também uma sentida homenagem à cidade que acolhe três das seis escolas do IPVC. Carros alegóricos decorados com ícones locais — como o coração de Viana, os tapetes de sal, as redes de pesca ou o andor da Senhora da Agonia — desfilaram pelas ruas com criatividade e orgulho.
Margarida Ferreira, de Barcelos, finalista do mestrado em Ensino, explicou: “Incluímos no nosso carro os principais símbolos da cidade. Viana é emoção, é família e é alegria. Merecia esta homenagem.” A estudante, que já viveu a tradição como caloira, finalista e agora mestranda, confessou que a emoção é sempre a mesma.
Para muitos estudantes, este foi um dia há muito aguardado. Rafaela Ferreira, finalista de Enfermagem, descreveu o momento como “um nervosismo bom”, recordando a longa caminhada até este dia. “Viana conquistou-me. Vai ficar para sempre no meu coração.”
Beatriz Couto, finalista do curso de Organização e Gestão Empresariais, viveu o momento com emoção redobrada. Apesar de ainda ter algumas cadeiras por concluir, confessou: “Este é um dia esperado há muito, por mim, mas também por toda a minha família. Esta cartola simboliza muito para todos os que me rodeiam.”
Na área das engenharias, Beatriz Braga, estudante de Mecatrónica e uma das poucas mulheres no curso, destacou o orgulho de representar o seu percurso: “O meu sonho é trabalhar na Fórmula 1. Sei que é difícil, mas a base que tenho aqui no IPVC é sólida. Este cortejo é também um momento de afirmação, como mulher e futura engenheira.”
Também os caloiros viveram intensamente o seu primeiro cortejo. Rui Augusto, de 19 anos, estudante de Agronomia, sublinhou o espírito único da Escola Superior Agrária, em Refoios do Lima: “Aqui todos se conhecem, todos partilham. É uma grande família.”
Além da festa, houve espaço para reflexão. No carro da Escola Superior de Desporto e Lazer lia-se: “O povo fala, mas quem escuta?”. Uma provocação que resume o sentimento de muitos jovens face às dificuldades no mercado de trabalho. Gabriel Freitas, estudante de mestrado em Treino Desportivo, explicou: “É uma chamada de atenção. Celebramos, mas também queremos ser ouvidos.”
Entre os muitos que assistiam emocionados ao cortejo, estavam familiares e amigos dos estudantes. Silvina Almeida, avó de uma aluna de Enfermagem, não escondeu as lágrimas: “Já vivi isto com as minhas duas filhas, e agora com as minhas netas gémeas. É um orgulho enorme vê-las crescer e seguir os respetivos sonhos.”
O cortejo é apenas um dos momentos da Semana Académica do IPVC, que decorre até sábado, dia 24 de maio. A festa prossegue esta noite no Pavilhão Desportivo Nicolau Veríssimo, na Meadela, com atuações de Zara G, Más Influências, DJ Urze e várias tunas académicas (Hinoportuna, TUNESCE, TUNESS e VEMTUNA).
Na quinta-feira, os palcos acolhem Chico da Tina, Kaii e DJ Kardo, prometendo uma noite cheia de energia e ritmos urbanos. Sexta-feira traz Miguel Luz, DJ Pablu e Fábio Gonçalves. A semana termina em grande no sábado, com os concertos de Dillaz, Echosound e o DJ Avatar, que assina o set de encerramento.
Para os finalistas, o cortejo foi o ponto de chegada. Para os caloiros, um início. Para todos, a certeza de que ninguém sai igual de uma experiência académica vivida com o coração.