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Ponte da Barca reclama “atuação mais presente” do Governo face a seca severa

O presidente da Câmara de Ponte da Barca pediu hoje ao Governo uma “atuação mais presente” na procura de soluções que garantam o abastecimento de água às populações e mitiguem o impacto ambiental causado pela seca severa.

“Espero que haja uma atuação do Governo de Portugal mais presente nestas matérias que são extremamente importantes e que envolva também os municípios [nessa atuação]. Estamos muito preocupados com os efeitos do caudais mínimos e dos caudais ecológicos. Numa situação normal já são reduzidos, com esta situação de seca severa vivemos esses caudais estão ainda mais reduzidos”, alertou Augusto Marinho.

O autarca social-democrata, que falava durante a apresentação do plano municipal de gestão da água de Ponte da Barca, garantiu que, “neste momento, não há nenhum ponto do território onde se registe algum problema de abastecimento de água, em quantidade e qualidade”, mas admitiu que a situação “é deveras preocupante”.

“O município alertou, atempadamente, para os baixos níveis de água nas nossas duas barragens. Começámos logo em janeiro. Alertámos a EDP, temos tido contactos com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), com as Águas do Norte no sentido de envolver as entidades na busca das melhores soluções. Em finais de janeiro, a EDP tomou a iniciativa, atendendo a esta problemática, de suspender a produção de energia elétrica, dias antes do Governo tomar ação”, apontou.

Augusto Marinho adiantou que das duas barragens de Ponte da Barca – Alto Lindoso e Touvedo – a situação da primeira, “que tem uma função, essencialmente, de produção de energia elétrica, é preocupante”.

“A barragem do Alto Lindoso tem, neste momento, 14,5% da sua capacidade de armazenamento. É um nível extremamente reduzido. Nunca assistimos a níveis tão baixos e durante tanto tempo. As previsões para os próximos dias indicam temperaturas máximas sempre acima dos 30 graus. A situação é deveras preocupante”, referiu.

O autarca disse estar “muito preocupado com os efeitos do caudais mínimos e dos caudais ecológicos, que numa situação normal já são reduzidos”.
“Com esta situação de seca severa, vivemos um período em que esses caudais estão ainda mais reduzidos. Tenho falado muito nisso. É essencial tomar algumas medidas, desde logo, de avaliação do impacto ambiental no Alto Lindoso. Quais são os efeitos destes níveis tão baixos, durante tanto tempo?”, questionou.

Augusto Marinho defendeu ainda a criação de um centro de monitorização do rio Lima, para que as diversas entidades com competência na matéria façam o controlo do caudal do rio Lima.

“O município de Ponte da Barca tem este projeto pronto e o que se espera que haja por parte do Governo é um apoio para que se crie este centro de monitorização no rio Lima e que também haja partilha e um envolvimento maior do município de Ponte da Barca nas medições que estão a ser feitas aos caudais”, reforçou.

Para Augusto Marinho, é “necessária uma revisão do contrato de concessão” das albufeiras do concelho, por considerar que poderá estar desatualizado.
“Temos de começar a pensar e a organizarmo-nos para saber se os níveis estabelecidos no contrato de concessão – até porque ele já decorre há algum tempo – são os adequados, atendendo aos níveis hídricos que temos neste momento. Toda esta reflexão é necessária e urgente”, alertou.

Já a barragem de Touvedo, adiantou o autarca, é uma barragem de “encaixe que regula o caudal do rio Lima e, ao mesmo tempo, permite a captação de água para consumo humano”.
“Esta barragem é de dimensão pequena e está com níveis de armazenamento que, neste momento, rondam os 88 a 89%”, disse.

A albufeira da barragem hidroelétrica do Alto Lindoso situa-se no rio Lima, entre as freguesias de Lindoso e Soajo (concelhos de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, respetivamente), dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).

A barragem foi projetada em 1983 e concluída em 1992. Inaugurada em março de 1993 pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva, a sua utilidade é a produção de energia elétrica.

Tal como já tinha acontecido em anos anteriores, os baixos valores de armazenamento de água voltaram a trazer à luz dia a aldeia de Aceredo, no concelho galego de Lobios (Espanha).

Em 1992, com a construção da barragem pela EDP, aquela aldeia foi submersa pelas águas, fazendo desaparecer cerca de 40 casas, ocupadas na altura por cem habitantes, além de vários hectares de produção agrícola.
Com esta descida histórica do nível da água, Aceredo ressurgiu e, nos últimos meses, tornou-se local de visita de portugueses e galegos.