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Melgaço conclui obra de 3 ME que confirma decisão de não aderir a Águas do Alto Minho

Melgaço concluiu hoje 14 projetos de abastecimento de água e saneamento, num investimento de três milhões de euros que o presidente da Câmara considerou vir confirmar a decisão de não integrar a Águas do Alto Minho.

“Estamos certos de que fizemos a melhor opção, estamos certo de que estamos no bom caminho”, afirmou Manoel Batista, garantindo: “Foi uma decisão muito bem fundamentada do ponto de vista económico e técnico e, por isso, estamos confortáveis com ela“.

Questionado à margem da cerimónia de inauguração da rede de saneamento de Paços e da central de compostagem municipal, presidida pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Manoel Batista escusou-se a fazer “muitos” comentários sobre a polémica em torno dos primeiros meses de funcionamento da empresa Águas do Alto Minho (AdAM), e afirmou que “o município tem capacidade de fazer obra, tem dado prova da capacidade de gestão das suas redes, sem aumentar tarifas de forma exponencial”.

Não quero comentar muito essa. Tem a ver claramente com os setes municípios que aderiram, tem a ver com as estratégias que eles tomaram, são estratégias deles e é com essas que eles têm de viver. É claro que me sinto confortável por estar numa situação diferente“, referiu.

Já o secretário de Estado, Carlos Miguel, destacou “o trabalho e determinação” do concelho nesta área.

“Até porque todo o investimento debaixo da terra não é muito produtivo em termos eleitorais, mas é determinante para o bem esta das populações”, disse.

A AdAM é detida em 51% pela Águas de Portugal (AdP) e em 49% por sete municípios do distrito de Viana do Castelo (Arcos de Valdevez (PSD), Caminha (PS), Paredes de Coura (PS), Ponte de Lima (CDS-PP), Valença (PSD), Viana do Castelo (PS) e Vila Nova de Cerveira (Movimento independente PenCe – Pensar Cerveira), que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.

Além de Melgaço (PS), também os concelhos de Ponte da Barca (PSD) e Monção (PSD) reprovaram a constituição daquela parceria.

A nova empresa começou a operar em janeiro, “dimensionada para fornecer mais de nove milhões de metros cúbicos de água potável, por ano, a cerca de 107 mil clientes e para recolher e tratar mais de seis milhões de metros cúbicos de água residual, por ano, a cerca de 70 mil clientes”.

A constituição tem sido contestada por vários partidos e pela população de alguns concelhos que se queixa do aumento “exponencial” das tarifas.

Em abril, o presidente do conselho de administração da AdAM admitiu terem ocorrido erros de faturação nos meses de janeiro e fevereiro e pediu desculpa aos 15 mil consumidores afetados.

Hoje, o presidente da Câmara de Melgaço disse ter-se oposto à integração deste o início do processo de criação da empresa.

Do nosso ponto de vista não fazia sentido. Nós tínhamos capacidade de implementar redes, capacidade de as gerir e estamos a dar provas disso. Estamos convencidos de que tomámos a decisão certa. Conseguimos ter um controlo no preço, a capacidade de, com a tarifa estabelecida, cobrir os custos dos sistemas e temos a capacidade, agora, de renovar os sistemas, utilizando novas tecnologias, afirmando muito a questão da telemetria“, adiantou.

Com o investimento hoje inaugurado, na rede de saneamento de Paços, a única freguesia do concelho de Melgaço que “não tinha um metro sequer de saneamento feito”, o concelho concluiu 14 projetos iniciados em 2017.

“Este investimento permite colocar o município num ‘top 5′ ou, na pior das hipóteses, num ‘top 10′ dos que têm a melhor cobertura em rede de saneamento e em rede de abastecimento público de água”, destacou.

Manoel Batista explicou que, com as intervenções realizadas, o concelho atinge uma “cobertura de 94% na rede de saneamento básico e de 99,9% em abastecimento público de água”.

O autarca socialista acrescentou que o município “tem, neste momento, uma candidatura aprovada para começar o ciclo de revitalização das redes já existentes”.

“Temos um projeto aprovado para a rede de abastecimento de água da vila de Melgaço para combater às perdas de água. É uma área importante para a população, para os empresários e para o ambiente, e para o município afirmar que, de ‘per si’, consegue pôr estas redes no terreno, consegue reabilitá-las e geri-las bem. Temos dado prova de capacidade de gestão das nossas redes sem aumentar de força exponencial as tarifas”, frisou.

Os 14 projetos hoje concluídos resultam de candidaturas ao Ciclo Urbano da Água, no valor de três milhões de euros, mais de 2,2 milhões com apoio do Fundo de Coesão.