Os casos de infeção de covid-19 em grávidas não são elevados, mas a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) alerta para os riscos e faz recomendações para se protegerem do novo coronavírus.
Em comunicado, o Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica da SPMI diz que “devemos assumir que o risco é o mesmo da população geral, pelo que as grávidas devem cumprir as medidas de redução de contágio como o isolamento social e a etiqueta respiratória”.
“Sabe-se que as alterações imunológicas da gravidez podem predispor para infeções respiratórias, aumentando a morbilidade materna”, referem os especialistas, acrescentando que “não há evidência” que após o parto a mãe infetada deva ser separada do bebé. “O impacto da separação parece ser mais prejudicial do que o risco de infeção”, afirmam.
Os mesmos especialistas dizem que ainda pouco se sabe sobre a transmissão vertical (de mãe para filho durante o nascimento), mas os dados indicam que “parece ser reduzida”.
Quanto à amamentação, “não há evidência de que o vírus passe o leite materno”, mas as mães são aconselhadas a tomar todas as medidas de precaução para evitar qualquer possível transmissão, como “a lavagem das mãos frequente e o uso de uma máscara facial durante a amamentação”.
As grávidas só devem deslocar-se aos hospitais quando “estritamente necessário” e os internistas que realizam consultas de medicina obstétrica devem optar pela teleconsulta em vez da consulta presencial. A forma preferencial para contacto direto com o médico deve ser o e-mail e devem ter informação sobre os sinais que a sua doença base tem (ou seja, em caso de haver registo anterior de outras doenças), se ela se está agravar e sobre os motivos que as possam levar a contactar a linha SNS24 (808 24 24 24) ou o INEM.
Os especialistas ressalvam que estas recomendações não devem sobrepor-se a todas as indicações das autoridades de saúde que venham a ser emitidas. As doentes devem cumprir rigorosamente as recomendações da tutela para controlo da disseminação comunitária.
A Fundação Portuguesa do Pulmão emitiu também recomendações para as pessoas que sofrem de problemas respiratórios, que têm mais de 60 anos e algumas doenças crónicas subjacentes. Em comunicado, consideram que o uso de máscara, “a partir de agora”, deve ser feito “por todas as pessoas que tenham susceptibilidade acrescida, sobretudo em contextos de grandes aglomerados (por exemplo, transportes públicos) ou frequência dos serviços de saúde”.
“Os doentes respiratórios crónicos, as pessoas com idade superior a 60 anos e todos aqueles que sofrem de outras doenças crónicas ou tenham diminuição da sua imunidade, nos referidos contextos deverão utilizar essa forma de proteção respiratória”, sublinha a fundação, que considera que as autoridades de saúde devem reforçar a formação junto da população.