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Ponte da Barca cria viródromo para fomentar a formação e prática do Vira

O presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca anunciou a criação de um viródromo para garantir condições às “rodas” de Chula e Cana Verde que nas 52 semanas do ano se formam, espontaneamente, naquela vila do Alto Minho.

Augusto Marinho explicou que a “intenção da autarquia não é criar nenhuma estrutura ou edifício, mas antes criar condições para que as pessoas possam passar momentos de lazer e aprender, fomentando e promovendo o vira”. 

“O que pretendemos é criar laços mais estreitos entre as pessoas, proporcionando momentos de confraternização, de prática desportiva, porque estas danças são exigentes, de promoção cultural e musical. Queremos que as pessoas tenham um espaço onde possam praticar e aprender”, especificou o autarca social-democrata.

Todos os domingos, à tarde, o vira junta dezenas de pessoas. Em roda, ao som da concertina e do reco-reco, baila-se horas seguidas. 

Atualmente o vira dançado em roda acontece no Largo do Curro, onde o município instalou uma tenda para “resguardar” os dançarinos “do rigor do calor ou do inverno minhoto”.

O Presidente da Câmara de Ponte da Barca admitiu que “não são as condições mais adequadas”, justificando a necessidade de encontrar espaços com “conforto” onde “as pessoas possam praticar e aprender”.

Augusto Marinho adiantou “que os serviços camarários estão a estudar a melhor localização”, cabendo ao poder político avaliar, auscultando a parte interessada, que são as pessoas que estão envolvidas nos movimentos espontâneos”.

“Iremos definir um espaço que permita, durante o verão, que esta prática se exerça ao ar livre, com condições. No inverno, rigoroso teremos que rentabilizar os equipamentos municipais já existentes”, acrescentou.

Além do lazer, Augusto Marinho disse que o objetivo será “fomentar” o ensino daquela dança tradicional e da concertina.

“Gosto muito da componente formativa. A formação na dança tradicional, no folclore e, no vira em particular. Além da dança, este movimento espontâneo, que junta um número alargado de pessoas, tem a componente das concertinas.

Há cada vez mais jovens interessados em aprender a tocar o instrumento”, referiu Augusto Marinho.

Sem apontar prazos, Augusto Marinho disse que as condições para acolher estes movimentos espontâneos serão criadas “o mais rápido possível”, porque o município está interessado em “afirmar-se, cada vez mais, como capital do vira”.

Em agosto de 2017, Ponte da Barca, durante a liderança do ex-autarca socialista, Vassalo Abreu, colocou o Vira do Minho no Livro Guinness de Recordes, juntando mais de 650 pessoas a dançar aquela coreografia e batendo a ilha açoriana do Pico, anterior detentora do recorde na categoria de folclore português.

Para entrar no Livro Guinness de Recordes, eram necessárias um mínimo de 545 pessoas.

Para o atual presidente da autarquia, “não basta ser capital das rusgas ou do vira, é preciso dar os passos seguintes”. 

“É necessário consolidar as condições para que cada vez mais pessoas possam aderir a esta prática. Cabe ao poder público encontrar soluções, sobretudo, numa área tão importante por se tratar de um elemento identitário do território”, reforçou.

O Vira é um género músico coreográfico do folclore português, dançado em várias regiões do país, mas mais conhecido como característico do Minho.

As origens do vira, que alguns situam no ternário da valsa oitocentista, e outros buscam mais atrás, no fandango, parecem ser muito antigas. Alguns especialistas recordam que Gil Vicente fazia referência àquela dança na peça Nau d’Amores.

De acordo com o Portal do Folclore Português, naquela dança, os pares de bailarinos, “dispostos em roda, de braços erguidos, vão girando vagarosamente no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio”.

“Os homens vão avançando e as mulheres recuando. A situação arrasta-se até que a voz de um dançador se impõe, gritando fora ou virou. Dão meia-volta pelo lado de dentro e colocam-se frente a frente com a moça que os precedia.

Este movimento vai-se sucedendo até todos trocarem de par, ao mesmo tempo que a roda vai girando, no mesmo sentido”.

Segundo aquele portal especializado no folclore português, “este é apenas o mais simples dos viras de roda, pois outros há com marcações mais complexas”.