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Guardas prisionais exigem a demissão do diretor-geral das cadeias

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) exigiu hoje a demissão do diretor-geral da Reinserção e Serviços Prisionais, acusando-o de estar a pôr em causa a segurança das prisões e de impôr um horário de trabalho.

O pedido de demissão de Celso Manata foi feito durante uma vigília promovida pelo SNCGP junto à Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), em Lisboa, e que juntou cerca de 400 guardas prisionais vindos dos vários estabelecimentos prisionais do país, segundo número avançado à agência Lusa pelo sindicato.

Os guardas prisionais estão a “manifestar a sua indignação com o novo horário de trabalho, que está cada vez mais a colocar em causa a segurança e cada vez mais a saúde física e mental dos guardas prisionais, principalmente pelo ritmo de trabalho”, disse aos jornalistas o presidente do sindicato, Jorge Alves.

O novo horário de trabalho, em vigor desde 02 de janeiro em seis estabelecimentos prisionais, foi, segundo Jorge Alves, imposto pelo diretor-geral, que está a obrigar os guardas prisionais a prolongar o horário de trabalho além das oito horas diárias.

“Dois anos depois de ter tomado posse, o diretor-geral não contribuiu em nada para melhorar as condições dos estabelecimentos prisionais, a única coisa que soube fazer foi acusar o corpo da guarda prisional e implementar um novo horário de trabalho”, sustentou.

Aquele dirigente sindical frisou que “os guardas prisionais não confiam” em Celso Manata e exigem a sua demissão “porque não reúne as condições para estar à frente de uma direção-geral com esta capacidade” e de “um setor muito importante”.

Jorge Alves acusou também o responsável da DGRSP de não ainda não ter feito nada pela segurança das cadeias e, como exemplo, referiu o caso da prisão de Caxias, onde atualmente existem menos torres de vigilância a funcionar do que na altura da fuga de três reclusos, há cerca de um ano.

O presidente do sindicato disse ainda que há cadeias com as torres de vigilância fechadas para os guardas prisionais descansarem, como acontece no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL).

“O diretor-geral vem dizer que está em causa a segurança e que a culpa é dos guardas prisionais, mas não, a culpa é única e exclusivamente do diretor-geral e dos adjuntos, que são os responsáveis pelo horário de trabalho e pelo terror que está a implementar no sistema da guarda prisional”, realçou.

Durante a vigília, os guardas prisionais gritaram várias vezes “demissão” e “ditador”, numa alusão a Celso Manata, além de exibirem várias bandeiras e cartazes e de acenarem com lenços brancos.

Pedro Silvério é guarda prisional na cadeia de Viana do Castelo e destacou, em declarações à Lusa, que o sistema prisional “está mal por culpa do diretor-geral”, que é acusado de constantemente apontar o dedo aos guardas.

“Quem está a pedir a demissão do diretor-geral não é um grupo de elementos de determinado sindicato, mas sim uma corporação de guardas”, disse, desafiando Celso Manata a dizer “a verdade sobre o que se está a passar nos estabelecimentos prisionais”, nomeadamente quantas diligências ficam por fazer desde que entrou em vigor o novo horário.

O novo horário de trabalho é de oito horas e os problemas têm existido entre as 16:00 e as 19:00, período em que os guardas prisionais têm que estender o seu horário, uma vez que coincide com as visitas, alimentação, medicação e entrada dos reclusos nas celas.