O município de Vila Nova de Cerveira, perante o aumento de 120% da população migrante a residir no concelho, registado nos últimos dez anos e com maior incidência a partir de 2020, tem procurado delinear uma estratégia de apoio, concertada e consolidada, à sua integração na comunidade de acolhimento, foi hoje anunciado em comunicado.
Fruto de uma parceria com a Fundação Bienal de Arte Cerveira (FBAC), a Câmara Municipal vai avançar com o projeto ‘Animação Territorial Intercultural’, que “visa o intercâmbio e convívio através da experimentação das práticas artísticas”.
O fenómeno das migrações tem criado “grande impacto em todo o mundo, ao nível de desequilíbrios demográficos como também de alteração dos perfis migratórios, com implicações a nível económico, cultural, político e religioso”, lê-se também na nota enviada pela autarquia.
Atualmente, Portugal tornou-se num país de acolhimento para muitos migrantes, e o Alto Minho não é exceção. Como forma de dar uma resposta mais eficaz e eficiente, a CIM Alto Minho viu aprovada a candidatura do Projeto “AMAM – Rede de Apoio a Migrantes no Alto Minho”, ao Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração (FAMI), com o intuito de “implementar ações que facilitem a inclusão de estrangeiros residentes na região alto-minhota”.
O projeto ‘Animação Territorial Intercultural’ de Vila Nova de Cerveira, pretende “expandir os horizontes das centenas de migrantes que escolheram o concelho para viver”.
Ao longo de quatro sábados, nos dias 23 e 30 de setembro e 7 e 14 de outubro, entre as 10h00 e as 12h30, vai ser dinamizado um conjunto de oficinas criativas de cerâmica, gravura e serigrafia orientadas pelos artistas Henrique do Vale, Acácio de Carvalho e Paulo Barros.
A participação é gratuita, mediante inscrição na página www.bienaldecerveira.pt, e encontra-se sujeita a um máximo de 20 participantes por oficina. As sessões contarão com o apoio de tradução simultânea nas línguas de português e inglês. O projeto culmina no final do ano com uma exposição dos trabalhos desenvolvidos em atelier e com a apresentação de um pequeno documentário.
Na nota enviada pelo município de Cerveira, de acordo com os resultados provisórios dos Censos 2021, “foi possível verificar que os residentes estrangeiros no concelho de Vila Nova de Cerveira subiram de 278 em 2011 para 607 em 2021, correspondendo a uma variação de, aproximadamente, 120%, sendo na sua maioria oriundos de países não pertencentes ao espaço territorial da União Europeia”.
Do perfil recolhido por um diagnóstico social realizado, em 2022, pela Câmara Municipal, a população imigrante residente no concelho é, na sua maioria, do sexo masculino, na faixa etária entre os 20 e os 49 anos e possui um elevado nível de escolaridade (médio ou superior). Verifica-se, ainda, que quase metade se encontra acompanhada por outros elementos do agregado familiar (cônjuge, filhos ou pais), estando a residir, maioritariamente, na União das Freguesias de Campos e Vila Meã, facto justificado pela oferta de trabalho na área industrial.