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Encontro das Cruzes e Mesa dos Três Abades voltam a celebrar Páscoa em freguesias de Viana do Castelo

O encontro das Cruzes e o brinde na Mesa dos Três Abades voltam este ano a celebrar a Páscoa em três freguesias de Viana do Castelo, após dois anos de interregno devido à pandemia de Covid-19.

Aquelas tradições, a que se juntam a Queimada do Judas e o hastear da bandeira, momento que anuncia as festas da Senhora das Neves que se realizam em agosto, acontecem no Largo das Neves, lugar ‘sui generis’ por pertencer às freguesias Barroselas, Mujães e Vila de Punhe que organizam as celebrações pascais.

O programa “Páscoa a Três”, organizado em colaboração com o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, “conjuga a fé com a tradição e o profano e destina-se aos locais, aos filhos da terra que regressam naquela época festiva e aos inúmeros visitantes que encontram um encanto especial nas tradições e nas vivências das gentes do Vale do Neiva”.

“Este ano ainda mais, em virtude do período vivido desde 2020”, refere a organização, em comunicado enviado esta quinta-feira à imprensa.

O programa religioso, que decorre na segunda-feira de Páscoa (18 de abril), inclui o tradicional encontro das Cruzes e o brinde na Mesa dos Três Abades.

Os compassos pascais das três freguesias encontram-se na Mesa dos Três Abades, situada no Largo das Neves, cumprindo uma tradição que remonta a tempos antigos.
Ao longo dos anos, e numa altura em que eram os párocos quem mais ordenavam, a Mesa dos Três Abades assumiu-se como uma espécie de fórum popular, já que era ali que eram discutidos e tratados os assuntos de interesse da comunidade, do foro eclesiástico e do civil.

A Mesa dos Três Abades terá sido construída no início do século XVII, numa iniciativa dos párocos de Vila de Punhe, Mujães e Barroselas para assinalar o fim das discórdias em relação aos limites das freguesias.

Além da componente religiosa, as três autarquias e o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto voltam a organizar a Queimada do Judas “com o propósito de dinamizar a cultura popular e de fortalecer a cooperação entre as três comunidades”.

A Queimada do Judas “teve como inspiração a Queima do Judas que se realizou no sábado de Aleluia de 1921 no Largo das Neves”.

“Depois de 92 anos, o Judas voltou, no sábado de Aleluia, ao Largo das Neves para censurar e ser queimado na forca. Embora tenha como ponto de partida a tradicional Queima do Judas, a Queimada do Judas apresenta-se como um conceito aberto e resiliente, permitindo novas e criativas roupagens”, refere a organização.

Aquela celebração “mantém na sua estrutura o testamento e o auto de fé do Judas”, mas o “conceito ajusta-se aos tempos de hoje e define como matriz diferenciadora a leitura do esconjuro acompanhado da tradicional queimada galega, com o propósito de, antes de ser queimado, exorcizar os pecados do Judas e permitir uma morte com absolvição e perdão”.

Aquela tradição realiza-se na noite de 16 de abril. “O Judas, o cenário e o cortejo condenarão o proeminente traidor da Humanidade e apelarão à paz. Um espetáculo popular que incluirá dança, música e sátira”, adianta a organização.