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Viana do Castelo apoia classificação nacional de romaria com quase 400 anos

A Câmara de Viana do Castelo aprovou hoje, por unanimidade, emitir parecer positivo, “manifestando a total concordância”, ao registo da Festa das Rosas de Vila Franca, com 399 anos, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI).

O parecer hoje aprovado, por proposta da vereadora com o pelouro dos equipamentos culturais, Carlota Borges, vai ser enviado à Direção-Geral do Património Cultural, entidade à qual a Junta de Freguesia de Vila Franca dirigiu o pedido de inscrição naquele registo.

Carlota Borges explicou que aquele pedido “visa a proteção legal de todo o simbolismo e expressão cultural que as festas representam no plano local e nacional”.

“A Direção-Geral do Património Cultural na análise deste pedido identificou a sua conformidade, tendo solicitado à Câmara de Viana do Castelo a emissão de parecer sobre a relevância deste pedido, em função da abrangência territorial da manifestação do património cultural em apreço”, refere a proposta hoje aprovada.

Aquela romaria, que decorre em maio e abre o ciclo de festivo no Alto Minho, é conhecida pelos cestos floridos, confecionados com milhares de pétalas de flores.
Os cestos, que chegam a pesar mais de 50 quilogramas, são transportados na cabeça por jovens mordomas batizadas em Vila Franca, e que completem 19 anos, em maio, numa demonstração de “orgulho e fé”.

Os cestos floridos, começaram a ser confecionados dias antes das festas de Vila Franca, freguesia da margem esquerda do rio Lima, tarefa que “envolve toda a família, os amigos e vizinhos, num verdadeiro espírito de entreajuda.

A mordoma é que escolhe os motivos do cesto florido que vai oferecer a Nossa Senhora do Rosário.

Os temas são mantidos em segredo para serem surpresa até ao dia do cortejo, sendo que há sempre uma rivalidade saudável porque todas as mordomas querem apresentar o cesto mais bonito.

Depois de serem exibidos nos cortejos das festas, momento que até á chegada da pandemia de covid-19 atraia, todos os anos, milhares de visitantes a Vila Franca, os cestos floridos ficam em exposição na igreja paroquial da freguesia.

A Festa das Rosas é da responsabilidade da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, fundada em 1622 por frades dominicanos. Dos seus estatutos constava que as mordomas levariam flores a Nossa Senhora nos dias de festa.

Por isso mesmo, todas as mordomas caprichavam em levar as mais belas flores e em grandes quantidades, que se destinavam à decoração dos altares, à confeção das fieiras e ao adorno do adro e seu atapetamento.

Ao longo dos anos, a tradição evoluiu, reforçando a qualidade de confeção dos cestos, a transportar à cabeça pelas mordomas, nestas procissões.

Cada jovem pode recorrer a colegas e amigas para ajudar na tarefa, tendo em conta o peso destes cestos, que se assumem também como obras de arte popular, confecionadas por bordadores, também de Vila Franca do Lima.