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Vila Nova de Cerveira dá parecer desfavorável à prospeção de minerais na Serra d’Arga

A Câmara de Vila Nova de Cerveira informou hoje que o executivo municipal deu parecer desfavorável à prospeção de depósitos minerais na Serra D’Arga. “O pouco conhecimento do processo, o facto de ser um assunto ainda pouco amadurecido e, acima de tudo, o perímetro bastante significativo para a freguesia de Covas” são os motivos evocados pelo município.

Em comunicado, a autarquia adianta que foi notificada, esta segunda-feira, pela Direção-Geral de Energia e Geologia para se pronunciar relativamente à prospeção de lítio na Serra d’Arga, no âmbito da audição em curso aos municípios em cujo território se insere a área objeto do pedido de prospeção de lítio.

De acordo com o documento enviado pela Direção Geral de Energia e Geologia, em breve será aberto o concurso público para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais e lítio e minerais associados numa área situada no concelho de Vila Nova de Cerveira.

“Atenta à informação até aqui veiculada e em concertação com os restantes municípios alto-minhotos envolvidos, a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira dá um parecer desfavorável a todo este processo, apresentando respetiva fundamentação para essa tomada de posição”, lê-se na nota enviada à imprensa.

De acordo com o presidente da Câmara,  citado naquela nota, “o concelho de Vila Nova de Cerveira sabe e ainda sente nos dias de hoje os impactos que uma exploração de minério tem na população e no seu meio ambiente”.

Fernando Nogueira relembrou que “ainda não estão ultrapassadas as sequelas da anterior exploração de volfrâmio que esventraram as encostas da Freguesia de Covas, com repercussões e ocorrências de poluição no principal curso de água da freguesia (rio Coura)”.

Para o autarca, por se tratar de “um processo ainda pouco conhecido e do assunto ainda carecer de análise mais profunda, não é de todo aceitável colocar um perímetro muito significativo da freguesia de Covas à destruição”.

“Da nossa parte, todos os esforços serão feitos e todas as diligências encetadas em torno da preservação do vasto e valioso património natural desta freguesia, assim como da salvaguarda dos interesses da sua população”, assegurou Fernando Nogueira.

O executivo municipal “manifesta ainda muitas dúvidas quanto ao acautelar das questões técnicas, económicas e sociais, além dos impactos ambientais e territoriais”.

As Câmaras de Caminha, Viana do Castelo e Ponte de Lima, também no Alto Minho já manifestaram oposição à eventual prospeção de minerais, tendo iniciado um projeto intermunicipal, intitulado “Da Serra d’Arga à Foz do Âncora”, que pretende alcançar a classificação da Serra d’Arga como Área Protegida.

O projeto intermunicipal “incide sobre o território classificado como Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000 Serra d’Arga, correspondendo a uma área com 4.493 hectares, totalmente inserida na sub-região do Alto Minho, e cuja conservação florística e faunística é imperativa”.

A classificação daquele território como Área Protegida de âmbito regional, pretende “reforçar o seu caráter único enquanto ativo territorial e produto turístico emergente”.

No início de maio, a australiana Fortescue Metals Group Exploration Pty retirou a proposta de prospeção de depósitos de minerais na zona de Fojo, (com o objetivo principal o lítio) para um polígono com 74.764 km2, inserido nos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço e Monção, nos limites do Parque Nacional da Peneda-Gerês(PNPG).

O polígono de prospeção proposto abrangia o território declarado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera, extensões de área de prospeção inseridas na Reserva Agrícola Nacional e na Reserva Ecológica Nacional, território classificado como Rede Natura 2000, bem como zonas densamente povoadas e densa atividade agrícola.

Abrangia ainda os Vales do rio Minho, do rio Mouro e do rio Vez (Vale Glaciar), confinando com os limites do Parque Nacional Peneda-Gerês.

Com Lusa