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Trinta trabalhadoras e sindicalistas denunciam “ditadura” na Misericórdia de Monção

Cerca de 30 manifestantes, entre trabalhadoras da Santa Casa da Misericórdia de Monção e sindicalistas, denunciaram hoje o “clima de ditadura” que dizem existir na instituição, acusando o vice-provedor de ter “uma postura de prepotência”.

“Queremos denunciar a postura de prepotência do vice-provedor, Armindo Pontes, que tomou o poder na instituição e impõe um clima de ditadura na instituição, com um maneira de agir inaceitável”, afirmou, hoje à Lusa, a delegada local do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), Rosa Silva.

A sindicalista, que falava a propósito da ação promovida hoje, em frente à sede da instituição, adiantou que o objetivo era ainda denunciar “a inércia” da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e do Ministério do Trabalho.

“As entidades com competência neste caso não agem. O CESP chamou a ACT em agosto e não vieram. São processos muito lentos”, sustentou.

Questionada pela Lusa sobre ações futuras, Rosa Silva adiantou que “ainda não estão definidas”, mas garantiu que o CESP “tudo fará para que o vice-provedor seja demitido”.

A Lusa tentou ouvir o vice-provedor Armindo Pontes mas sem sucesso.

Em comunicado, a que a Lusa teve hoje acesso, a mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Monção diz que se trata de “um ataque soez e maldoso ao vice-provedor e manifesta a sua total solidariedade e inteira confiança em Armindo Ponte”.

No documento, aquele órgão “refutou, energicamente, todas as insinuações tecidas” pelo sindicato, por considerar que “são desprovidas de qualquer veracidade, sendo completamente falsas e mal-intencionadas, visando unicamente denegrir a imagem de uma instituição que preza e se orgulha em servir condignamente todos os utentes”.

Na nota, enviada na sequência de uma reunião realizada com “caráter de urgência”, na sexta-feira passada e convocada após a denúncia pública feita pelo CESP, a mesa da assembleia diz ser “completamente falso e mesmo absurdo admitir que haja, por parte da instituição ou qualquer seu representante, quaisquer tentativas que visem molestar trabalhadores”.

A mesa administrativa adianta que “todas as decisões relativas a assuntos de pessoal ou outros sempre foram tomadas, por unanimidade, dos membros do órgão e nunca por qualquer deliberação individual”.

Na sexta-feira passada, em comunicado, o CESP denunciou um caso de alegada “perseguição, assédio, pressão, incumprimento da lei e repressão” de trabalhadoras por parte do vice-provedor.

“Três trabalhadoras estão de baixa médica psiquiátrica devido à perseguição que lhes tem sido feita, inclusive com despromoção da função de encarregadas, não pagamento do subsídio de turno (25% do salário) e transferência para funções de apoio domiciliário ou outras de níveis mais baixos, tudo sem quaisquer fundamentos, apenas como retaliação por não cederem aos seus ataques, tudo em total desrespeito pela lei e pelos direitos dos trabalhadores”, especificou o CESP.

A estrutura sindical explicou que “a situação tem-se vindo a arrastar apesar da intervenção do CESP, que requereu, em agosto de 2017, a intervenção da ACT, não tendo ainda obtido qualquer resposta”.

“A Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), a quem foi enviado requerimento para agendamento de uma reunião no âmbito da prevenção de conflitos, marcou reunião e a Santa Casa da Misericórdia de Monção recusou-se a comparecer, remetendo o assunto para a União das Misericórdias Portuguesas”, referiu.