Andreia CunhaAs I Jornadas de Montanha, que decorreram no fim de semana em São Lourenço da Montaria, “fizeram desta aldeia emblemática da Serra de Arga um centro de convergência de visões e experiências práticas sobre o futuro dos territórios de montanha, mas também um palco de experimentação de iniciativas de cultura, desporto e lazer que ofereceram novas formas de descobrir e usufruir a riqueza ambiental, paisagística e patrimonial desta serra”.
O Encontro “Serra de Arga – Diálogos sobre o Futuro” reuniu investigadores, técnicos municipais, autarcas, organismos públicos, associações e entidades supramunicipais, “destacando-se a representação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, da Comissão de Coordenação da Região Norte, do Turismo Porto e Norte, da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho e do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, assim como do Secretário de Estado do Ambiente, entidades que pelas suas áreas de atuação são pilares fundamentais para a cooperação em prol de um modelo de desenvolvimento alicerçado na conservação, inovação, coesão territorial e mobilização comunitária na Serra de Arga”.
As intervenções realizadas “complementaram-se na interpretação do património ambiental, paisagístico e cultural da Serra de Arga e na construção de uma estratégia de futuro assente na multifuncionalidade dos espaços de montanha”.
Luís Nobre, presidente da Câmara de Viana do Castelo, reiterou o compromisso com o processo de classificação da Serra de Arga como Área de Paisagem Protegida de Âmbito Regional, considerando-o “um passo decisivo para assegurar que a gestão deste território se faz com rigor científico, cooperação intermunicipal, participação comunitária e visão estratégica”.
O interesse da concretização deste processo de classificação foi também sublinhado por João Manuel Esteves, Secretário de Estado do Ambiente, e por Paulo Carrança, representante do Turismo Porto e Norte, como instrumento para impulsionar a consolidação do destino Serra de Arga.
A Oficina Gastronómica “Caldo de Graúnhos”, realizada com a colaboração da Associação Desportiva e Cultural Montariense, envolveu mais de quatro dezenas de participantes e recuperou um prato ancestral da cozinha de montanha, sendo a degustação ponto de partida para uma narrativa de interpretação de modos de vida, paisagens e patrimónios, onde ganharam relevo as variedades regionais de cereais e leguminosas, a arquitetura vernacular, como as eiras, espigueiros, moinhos e levadas e as práticas comunitárias da sua gestão.
O Trilho Interpretativo pelo Geossítio das Cascatas da Ferida Má, promovido pelo Aspirante Geoparque Litoral de Viana do Castelo, levou três dezenas de participantes a percorrer o vale superior do rio Âncora, numa experiência imersiva que cruzou paisagem, geologia, biodiversidade e tradições serranas, com destaque para os antigos moinhos de água da Montaria.
No domingo, a manhã começou com o Bike GPS da Montaria, circuito de BTT por navegação GPS, promovido em parceria com a Xlife, a Viana Cycles e o CrossFit Viana do Castelo: uma descontraída prova de lazer, onde aventura e adrenalina se conjugaram com a descoberta de caminhos rurais e trilhos de montanha.
Em simultâneo, no Largo do Souto, dezenas de crianças, jovens e adultos experimentaram o batismo a cavalo, contando-se entre os exemplares um garrano, raça autóctone da Serra de Arga.
À tarde, o Campo da Chã da Pica acolheu as I Provas Equestres da Montanha, realizadas em parceria com a Viana Equestre – Associação Hípica de Viana do Castelo, reunindo mais de 80 cavaleiros em desafios como a Gincana Equestre e os entusiásticos Jogos “Jump & Run”.
O grupo “Os Raianos” trouxeram à Montaria “um concerto feito de alegria, espontaneidade e identidade, celebrando a amizade, a cultura partilhada e as afinidades musicais entre Portugal e a Galiza”.
Ao longo deste fim-de-semana, São Lourenço da Montaria recebeu ainda a tradicional Festa da Broa e do Chouriço, que já conta com mais de três décadas de história.
A componente cultural foi ainda enriquecida pelo ciclo MONTARIA.13 – Documentário e Património Rural, promovido pela AO NORTE – Associação de Produção e Animação Audiovisual, com cinema documental ao ar livre, encontros temáticos sobre moinhos e cereais tradicionais e a experiência imersiva “Um Dia com o Rebanho na Serra d’Arga”, que acompanhou um pastor local ao longo de uma jornada de pastoreio.
A organização disse ainda que “As I Jornadas de Montanha não foram apenas um evento. Representam o lançamento de uma plataforma contínua de ação, conhecimento e compromisso com o território. Com a participação ativa da comunidade, o envolvimento de múltiplos agentes e a visão estratégica do Município de Viana do Castelo, estas jornadas abrem caminho a novas formas de habitar, cuidar e projetar a montanha”.
