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Ponte de Lima vai iniciar terceiro projeto de restauro ecológico de área protegida

A Câmara de Ponte de Lima inicia em maio o terceiro projeto de restauro ecológico de ecossistemas na Área de Paisagem Protegida Regional das Lagoas de Bertiandos e São Pedro d’Arcos, com financiamento de programas comunitários.

O vereador do Ambiente e Espaços Verdes, Gonçalo Rodrigues, explicou que o projeto Restore4Life é “financiado a 100% pelo programa de investigação e inovação Horizonte Europa, da União Europeia (UE), num investimento de 100 mil euros”.

A candidatura já aprovada foi submetida pela universidade alemã de Duisburg-Essen, que convidou o município a associar-se a mais uma ação de restauro ecológico de ecossistemas que vem desenvolvendo desde 2016.

Além de Ponte de Lima, única região portuguesa a participar no Restore4Life, foram selecionadas mais quatro áreas protegidas na Bélgica, Ucrânia, Arménia e Roménia.

O projeto e o caso de estudo a implementar, com a colaboração científica do Instituto Superior de Agronomia (ISA), da Universidade de Lisboa, vão ser apresentados em 7 de maio, no auditório do Centro de Interpretação Ambiental das Lagoas.

A Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e São Pedro de Arcos, criada em 2020, está situada no sopé da Serra d´Arga, numa zona que inclui duas lagoas, várias linhas de água, como o rio Estorãos, áreas agrícolas e áreas florestais. A área protegida estende-se ao longo de 350 hectares em território de Ponte de Lima.

O projeto “enquadra-se na grande missão da UE ‘Restaurar os nossos Oceanos e Águas’ e pretende, com uma abordagem abrangente e interdisciplinar, contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), envolvendo a comunidade nos planos de restauro, para reforçar os esforços regionais de mitigação das mudanças climáticas e impulsionando a economia local”.

“Na linha do projeto Life Fluvial, que decorreu entre 2016 e 2020, e do Merlin que começou em 2021 e vai terminar em 2026, o Restore4Life pretende continuar a gestão integrada e atempada dos ‘habitats’ de zonas húmidas, mas tentando envolver de forma mais eficiente a comunidade local, as instituições e até as empresas”, disse Gonçalo Rodrigues.

O projeto Life Fluvial, promovido pelo ISA, “permitiu o restauro ecológico de mais de 20 hectares de florestas aluviais de amieiro, ‘habitat’ prioritário, em terrenos adquiridos pelo município na área protegida”.

No projeto Merlin, “com um investimento de 150 mil euros, a área protegida foi constituída como um dos 18 casos de estudo que o projeto engloba a nível europeu”.

“O projeto que Ponte de Lima espera terminar em setembro, antes da data prevista para a sua conclusão, em 2026, incide na medição de caudais, voos de ‘drone’ para acompanhar a evolução da vegetação ao longo dos anos e ações de controlo das espécies exóticas invasoras para acelerar o crescimento dos bosques autóctones”, explicou.

Segundo Gonçalo Rodrigues, através de “soluções baseadas na natureza, utilizadas para transformar problemas ambientais em oportunidades, tem sido possível restaurar as funções dos ecossistemas, melhorando o seu estado de conservação, o que produz impactes significativamente positivos sobre a biodiversidade, a conectividade entre ‘habitats’ e os serviços prestados pelos ecossistemas”.

O vereador disse ainda que, em maio, o município vai submeter uma candidatura ao programa Norte 2030, no valor de 800 mil euros, para a aquisição de 30 de um total de 40 hectares de terrenos privados integrados na área protegida, que estão destinados a ações de conservação da natureza”.

“A área protegida tem uma percentagem muito elevada de terrenos privados, sujeitos a um conjunto de restrições, quer do ponto de vista das condições naturais, quer pelo facto de estarem situados também em zona de reserva ecológica e Rede Natura 2000.

Limita muito a atividade produtiva do espaço (…) estando em área protegida, a produtividade deve estar muito mais ligada à proteção dos ecossistemas do que à económica”, sustentou.