Seis dos 10 municípios que integram a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho vão investir 200 mil euros num plano para integração para responder ao aumento “crescente” de imigrantes do território, foi hoje divulgado.
Questionada pela agência Lusa, a propósito de uma nota hoje emitida sobre o assunto, fonte da CIM do Alto Minho adiantou que o investimento no plano de integração de imigrantes resulta de uma candidatura ao Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração (FAMI).
Segundo a mesma fonte, com a aprovação do projeto AMAM – Rede de Apoio a Migrantes no Alto Minho, as ações de integração de imigrantes serão iniciadas, “em breve”, nos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço, Monção, Ponte de Lima, Valença e Vila Nova de Cerveira.
“Em 2022, residiam no território 7.505 indivíduos de outras nacionalidades”, refere a nota da CIM do Alto Minho, com sede em Ponte de Lima.
Segundo dados avançados pela CIM do Alto Minho, os concelhos de Valença e Viana do Castelo “concentram mais de 50% do total de estrangeiros residentes” no distrito de Viana do Castelo.
Àqueles dois municípios seguem-se “Monção, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Ponte de Lima, que acolhem essencialmente cidadãos sul-americanos, africanos, asiáticos e europeus, designadamente da Ucrânia”.
“Em 2020, a comunidade imigrante em Valença representava 6% da população e, em Vila Nova de Cerveira, cerca de 5,2%”, sustenta a nota enviada às redações.
O projeto AMAM – Rede de Apoio a Migrantes no Alto Minho pretende “dar resposta a esta conjuntura crescente e de forma a promover o melhor acolhimento e integração possível destas diferentes comunidades” no território.
“Não podemos ignorar que há cada vez mais cidadãos estrangeiros a escolher o nosso país para viver, trabalhar ou estudar e é nosso dever criar as melhores condições possíveis para facilitar a sua integração na sociedade”, sublinha o presidente da CIM do Alto Minho, Manoel Batista, citado na nota.
O socialista, que é também presidente da Câmara de Melgaço, um dos concelhos abrangidos pelo projeto AMAM, adiantou que cabe aos municípios “perceber as dinâmicas internacionais nesta matéria e ter uma atitude proativa e que responda aos desafios que esta situação acarreta”.
“Este projeto ganha particular relevância na medida em que gera um trabalho em rede que possibilita essa inclusão multicultural e o seu indispensável acompanhamento à escala do Alto Minho”, salienta Manoel Batista.
Para a CIM do Alto Minho, a procura dos imigrantes pelo território pode contribuir para contrariar a tendência nacional do envelhecimento da população.
“A migração pode contribuir para equilibrar questões como o envelhecimento e a diminuição da população em idade ativa, para além de maximizar a utilização de mão-de-obra, trabalhando a qualificação de forma afincada, e das suas competências e de melhorar a produtividade e a competitividade da economia local”, destaca a nota.
Para a CIM do Alto Minho, “a inclusão de migrantes é uma de prioridade”, sendo que “nos últimos anos tem desenvolvido vários projetos de grande importância neste âmbito, como é o caso do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar (PICCIE) – Alto Minho School 4All, o projeto Alto Minho + Inclusivo ou o projeto Cultura para Todos”.
O projeto AMAM – Rede de Apoio a Migrantes no Alto Minho agora aprovado “tem como objetivo a promoção de diversas iniciativas que facilitem a inclusão de estrangeiros residentes no Alto Minho, criando também mecanismos que contribuam para melhorar a situação demográfica do território, nomeadamente através de ‘workshops’, sessões participativas, fóruns-debates em contexto escolar, oficinas, exposições, programas temáticos de rádio, um documentário e um congresso internacional para a igualdade e interculturalidade, entre outras ações”.
Algumas das iniciativas previstas no projeto AMAM “permitirão capacitar equipas multidisciplinares e multilingues para intervir na promoção e proteção dos direitos dos migrantes e envolver jovens voluntários na qualidade de tradutores e intérpretes de línguas”.