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CEVAL teme impacto “praticamente nulo” no comércio reaberto em zonas de fronteira

A Confederação Empresarial do Alto Minho (CEVAL) defendeu esta segunda-feira a definição de uma estratégia específica para o comércio na fronteira com a Galiza afetado pela Covid-19, por temer que a reabertura económica agora iniciada tenha um impacto “praticamente nulo”.

“Alertamos para a necessidade imperiosa de uma atenção redobrada para o impacto desta epidemia no comércio nas regiões de fronteira. Seria de todo pertinente a criação de um grupo de trabalho para a definição de uma estratégia específica de combate ao impacto do covid-19 nas regiões de fronteira, estando desde já a CEVAL completamente disponível para colaborar na definição destas medidas”, refere aquela estrutura, numa nota enviada à imprensa.

Para a CEVAL, que representa cerca de 5.000 empresas do distrito de Viana do Castelo que empregam mais de 19.000 trabalhadores, o impacto da reabertura, hoje, do comércio nas zonas raianas do Alto Minho “será praticamente nulo”, devido ao controlo temporário das fronteiras terrestres com Espanha, em vigor desde 16 de março, em nove pontos de passagem autorizada, devido à pandemia causada pelo novo coronavírus.

“O comércio no Alto Minho vive dos 47% do total global de veículos que todos os dias cruzam as fronteiras entre Portugal e Espanha. Quando um galego visita um restaurante no Alto Minho, para apreciar a vasta gastronomia, está a comprar um serviço. Quando apanha o ‘ferry’ e visita Caminha para comprar artigos para o lar, quando compra na feira semanal de Vila Nova de Cerveira ou quando em Valença compra atoalhados numa das muitas lojas que encontramos na sua Fortaleza está a contribuir para definir o significado histórico da palavra comércio no Alto Minho”, reforça a confederação.

Para a CEVAL, o conceito de “comércio nas regiões raianas do Alto Minho significa Galiza, porque o comércio nestas regiões faz-se e sente-se com os galegos que, diariamente, atravessam a fronteira”. “O comércio nos concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção e Melgaço está intimamente ligado à relação existente com a Galiza”, reforça.

A confederação especifica que o distrito de Viana do Castelo tinha, em 2014, de acordo dados do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, 3.234 estabelecimentos de comércio a retalho e prestações de serviços, com 12.258 funcionários, 1.601 estabelecimentos comerciais e 855 restaurantes.

“A Confederação Empresarial do Alto Minho não pode deixar de espelhar a sua satisfação pelo recente anúncio do Governo de Portugal relativo à reabertura gradual da economia portuguesa que arranca hoje, no entanto, não pode de igual forma deixar de temer que esta medida pouco ou nenhum impacto tenha para as regiões raianas do Alto Minho”, sustenta.

Para a CEVAL, o Alto Minho e a Galiza “têm a zona de fronteira com maior afluência em Portugal, sendo que o número de veículos que atravessam as cinco fronteiras que ligam as duas regiões é de 31.190 por dia, que corresponde a 47% do total global de veículos que todos os dias cruzam as fronteiras entre Portugal e Espanha”.

“A Galiza é hoje o principal cliente português em Espanha, sendo cada vez mais um fenómeno de integração transfronteiriça na Península Ibérica. Em 2016, o último ano disponível, as exportações de Portugal para a Galiza atingiram cerca de dois mil milhões de euros. Se fosse um país autónomo, a Galiza seria assim o oitavo maior destino de exportação de Portugal, com valores de exportações equiparáveis aos registados para Itália ou para os Países Baixos e cerca de duas vezes superiores aos destinados ao Brasil”, aponta a CEVAL.