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PJ deteve quatro suspeitos de causar incêndio que consumiu 400 hectares em Ponte de Lima

A Polícia Judiciária deteve um técnico florestal de Alfragide e três trabalhadores de uma empresa de Viana do Castelo suspeitos de provocarem um incêndio que consumiu mais de 400 hectares em Ponte de Lima.

Fonte da diretoria de Braga da Polícia Judiciária (PJ) disse à Lusa que o técnico de gestão florestal é funcionário de uma empresa de Alfragide, concelho da Amadora, distrito de Lisboa, contratada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) para a realização de uma empreitada de instalação e beneficiação da rede primária da faixa de gestão combustível em Ponte de Lima. Já os outros três detidos são o proprietário e dois trabalhadores de uma empresa de Viana do Castelo, subcontratada para a mesma empreitada.

Em comunicado, a PJ refere que os homens foram detidos na segunda-feira, fora de flagrante delito, sendo os presumíveis autores de um crime de incêndio florestal na freguesia de Rebordões Santa Maria, que posteriormente alastrou às freguesias de Facha, Vitorino de Piães, Cabaços e Fojo Lobal, todas naquele concelho.

Segundo a fonte da PJ, o dia em que o incêndio deflagrou – 25 de julho – foi “declarado como de risco máximo de incêndio” e “era proibida a utilização de máquinas de corte mecânicas”.

A empresa responsável pela empreitada “não dispunha dos meios necessários para combater um eventual incêndio e não acionou os meios de socorro quando o fogo deflagrou, tendo abandonado o local”, acrescentou a fonte.

As chamas, que lavraram durante vários dias, “consumiram mais de 400 hectares de floresta”, sendo considerado “o maior incêndio do ano no distrito de Viana do Castelo”.

“A investigação desenvolvida por esta Polícia apurou que o incêndio foi provocado por ação direta dos discos de corte metálicos de moto-roçadoras, que estavam a ser utilizadas nos trabalhos de instalação e beneficiação de áreas florestais, no concelho de Ponte de Lima”, acrescenta o comunicado da PJ.

No comunicado, a polícia refere ainda que, “após a ignição do incêndio, os autores não procederam, como se impunha, à sua extinção, não alertaram as autoridades competentes, nem acionaram os meios de socorro, optando antes por se porem em fuga do local”.

Os quatro homens vão ser presentes, na quarta-feira, a um juiz do tribunal de Ponte de Lima para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação.

Em julho, em declarações à agência Lusa, o vereador da proteção civil da Câmara de Ponte de Lima (CDS), Vasco Ferraz, anunciou que a autarquia, em parceria com a Polícia Judiciária, ia instalar sistemas de videovigilância de deteção de incêndios, após o “aumento significativo” de ignições registadas naquele mês, a “maioria com origem em comportamentos humanos”.

“O sistema de videovigilância para deteção de incêndios vai começar a ser instalado na próxima semana em todos os acessos florestais do concelho, para prevenir a ocorrência de novos incêndios. Quem vai operar esse sistema de videovigilância é a Polícia Judiciaria (PJ)”, disse Vasco Ferraz.

Vasco Ferraz adiantou que, só naquele mês, registaram-se em Ponte de Lima mais de 40 ignições, estimando a área ardida “em mais de 500 hectares”.