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Complexidade do primeiro navio oceânico fabricado em Portugal atrasa partida de Viana do Castelo

O empresário Mário Ferreira apontou hoje a “complexidade” do primeiro navio oceânico “integralmente concebido e fabricado” em Portugal como um dos fatores do atraso, de cerca de três meses, na partida dos estaleiros da WestSea, em Viana do Castelo.

“Quando se está a desenvolver um protótipo de uma série que se quer construir, é normal que os atrasos aconteçam. São navios muito específicos e muito evoluídos tecnicamente que requerem um conjunto de testes e de provas, após a construção, que são bastante demorados”, disse hoje o empresário em declarações à agência Lusa.

O navio MS World Explorer, um investimento de 70 milhões de euros da Mystic Invest de Mário Ferreira, é o primeiro de uma série de três já encomendados. Foi batizado em abril nos estaleiros da WestSea e deveria ter zarpado em maio, mas a partida aconteceu a 01 de agosto.

Hoje partiu de Reyjkavic, Islândia, para uma viagem de 13 dias, com 180 passageiros alemães a bordo, aos mares do Norte até à Gronelândia.

No início de setembro, O MS World Explorer parte para os Fiordes da Noruega e para o mar do Norte. Depois regressa a Portugal para “preparar a travessia transatlântica até ao Brasil, a caminho da Antártida onde o navio português irá realizar cruzeiros de expedição, no final deste ano”.

Mário Ferreira, que partiu de Viana do Castelo a bordo do World Explorer até à capital da Islândia, onde atracou na segunda-feira, adiantou que “os testes e as afinações de todos os sistemas fizeram com que o prazo se alongasse mais do que o previsto”.

“Queremos ter um bom navio”, disse, adiantando que a viagem entre Viana do Castelo e a Islândia, decorreu durante “quatro dias e meio e dentro do previsto”.

Segundo o empresário, “os problemas com que a tripulação se foi deparando ao longo da construção já foram melhorados e corrigidos”.

Mário Ferreira acrescentou que a “experiência” adquirida com este “protótipo” vai ser importante na construção do segundo navio da série, “em fase avançada”, na WestSea, subconcessionária dos extintos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).

“O segundo navio tem de estar em atividade em maio de 2020 porque já estão bilhetes vendidos para essa altura”, destacou, referindo-se ao MS World Voyager. Já o MS World Navigator deverá começar a operar em 2021.

A construção destes dois navios representa um investimento de 165 milhões de euros, financiado pelo ICBC Leasing, Banco Industrial e Comercial da China.

Mário Ferreira queixou-se ainda da “grande dificuldade” na contratação de mão-de-obra qualificada para a construção dos navios que encomendou aos estaleiros de Viana do Castelo. “Tem-se notado uma grande dificuldade na mão-de-obra qualificada. Os prazos de entrega de equipamentos estão também bastante mais alargados do que o costume”.

O empresário justificou aquela “dificuldade” com a “grande concorrência que o setor da construção naval, vive na Europa”.

“Os estaleiros de Viana do Castelo e os de Vigo, na Galiza, têm uma concorrência muito forte do norte da Europa. Na Alemanha, e na França, também estão com muita necessidade de capacidade técnica. Todos tentam captar os técnicos mais talentosos. Isto é fruto da pujança de todo o setor da construção naval na Europa e ao qual o estaleiro de Viana do Castelo agora também se juntou”, sustentou.

Mário Ferreira defendeu a aposta na formação de quadros intermédios. “Precisamos de pessoas que percebam de mecânica, eletricidade, carpintaria. Durante anos, o nosso ensino não estava muito orientado para essas áreas. O que se tem notado é que os bons mecânicos, eletricistas e carpinteiros já estão com alguma idade e muitos a pensar a reforma os mais jovens são poucos. Precisamos de mais gente, no país, com estas especialidades”, especificou.

O navio tem 126 metros de comprimento, 19 metros de largura e 4,7 metros de calado, oito pisos, sendo que seis são para os 200 passageiros e 110 tripulantes.