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Deputada do PSD eleita por Viana do Castelo assume registo falso de José Silvano

A deputada social-democrata Emília Cerqueira assumiu hoje ter, “inadvertidamente”, sido a autora do registo falso do seu colega e secretário-geral do PSD, José Silvano, no sistema informático de presenças em reuniões plenárias do parlamento.

Em conferência de imprensa, meia hora atrasada na Assembleia da República, a jurista eleita pelo círculo de Viana do Castelo referiu ter acesso à palavra-passe pessoal (“password”) de Silvano e de outros deputados e vice-versa, para terem acesso a documentos e ficheiros de trabalho guardados nos respetivos computadores.

“Tenho a ‘password’ de alguns colegas de quem sou muito próxima, tal como eles têm a minha. Faz parte da vida de muitas organizações”, afirmou, negando qualquer pedido por parte de Silvano para fazer o seu registo quando estava ausente, especificamente nos dias 18 e 24 de outubro.

O deputado e secretário-geral do PSD, José Silvano, protagonizara na quinta-feira a primeira declaração pública sobre as falsas presenças em reuniões plenárias, seis dias após o jornal semanário Expresso ter noticiado o caso, mas sem responder a perguntas dos jornalistas, acrescentando querer que a Procuradoria-Geral da República, que já anunciou estar a analisar o caso, investigue o sucedido.

Silvano garantira não ter autorizado ninguém a utilizar a sua “password” – pessoal e intransmissível – para registo de deputados no hemiciclo do parlamento, permanecendo por explicar como foi assinalada a sua presença em plenário em duas datas em que esteve ausente.

“Digam-me, srs. jornalistas, quem de vós partilhou nunca partilhou uma ‘password’, quem nunca partilhou que diga, seja deputado, jornalista, uma secretária, normalmente temos alguém e se alguém não tem é uma exceção à regra no mundo do trabalho e das organizações”, continuou a deputada, que se classificou como uma “não profissional da política” e disse que o hemiciclo parecia “uma bolha em que as pessoas se isolam do mundo real”.

Emília Cerqueira garantiu ser “assídua” e sempre ter “cumprido com as obrigações” a que está sujeita, atribuindo a gravidade que este episódio “de lamaçal” assumiu à sua “inexperiência política, pelo menos na política dos corredores de Lisboa”.

“Lamento profundamente que isto tenha acontecido. Uma prática corrente em todas as organizações e, agora, toda a gente se preocupa, como um bando de virgens ofendidas – desculpem a expressão, mas eu sou do Alto Minho -, numa terra onde não há virgens. Como se nunca em momento algum na vida de trabalho que todos temos nunca tivéssemos partilhado ficheiros com um colega”, continuou.

A parlamentar social-democrata recusou ainda retirar quaisquer consequências políticas dos factos em causa sobre o seu mandato de deputada ou de membro do conselho jurisdicional do PSD porque se trata de “uma falsa questão, de falsos moralismos em que se condena uma pessoa apenas por fazer o seu trabalho”.

José Silvano ascendeu ao cargo de secretário-geral do PSD em março deste ano após demissão de Feliciano Barreiras Duarte, também alvo ele de notícias sobre irregularidades no seu percurso académico e na morada para efeitos de cálculo de abonos das deslocações como deputado.

Notícia atualizada às 17h55