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Confraria dedicada à carne cachena nasce em Arcos de Valdevez dentro de três meses

A Real Confraria Gastronómica da Carne Cachena deverá estar formalmente constituída dentro de três meses, após a aprovação, hoje, dos estatutos da associação que terá como missão “preservar e valorizar” aquele produto típico de Arcos de Valdevez.

“Há ainda procedimentos jurídicos a cumprir, mas pensamos dentro de três meses estar em condições de apresentar a Real Confraria Gastronómica da Carne Cachena. O núcleo fundador será constituído pelas sete instituições que iniciaram este projeto”, afirmou o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, João Manuel Esteves.

Típica do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), a carne de vaca Cachena tem Denominação de Origem Protegida desde 2002.

O autarca social-democrata, que falava aos jornalistas à margem de uma degustação de propostas gastronómicas com carne cachena, afirmou que aquele produto endógeno que tem um “papel preponderante na economia local”.

“A confraria será mais um contributo para fixação de população, criação de rendimento aos produtores e de dinamização turística do concelho, com propostas associadas à carne Cachena, nomeadamente a criação de uma ementa assente neste produto”, sustentou à margem do almoço confecionado por alunos do polo local da Escola Profissional do Alto Minho(Epralima).

A vaca cachena da Peneda é a mais pequena raça bovina portuguesa e uma das mais pequenas do mundo. O animal atinge uma altura máxima de 110 centímetros e sobrevive ao frio nas serras da Peneda, Soajo e Amarela, no Parque Nacional na Peneda-Gerês (Norte de Portugal).

A sua carne distingue-se por ser suculenta, tenra, de cor rósea clara, com uma consistência firme, ligeiramente húmida e com pouca gordura intramuscular.

João Manuel Esteves acrescentou que, este ano, o município vai candidatar a carne cachena às “Sete Maravilhas da Gastronomia Portuguesa”. A edição 2018 do concurso tem como tema “Portugal à mesa”, sendo que as candidaturas decorrem até 07 de março.

Já o presidente da Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, José Carlos Gonçalves, destacou o aumento da produção daquela espécie para dar resposta à procura que tem registado nos últimos sete a oito anos”.

“Há cerca de oito anos produzíamos seis a sete animais por ano. Atualmente produzimos 400 face à procura que este produto tem registado. A carne cachena é hoje comercializada no mercado abastecedor do Porto, em vários talhos e restaurantes do país”, afirmou, destacando os vários prémios que o produto tem conquistado em vários concursos nacionais e internacionais.

A cooperativa, que representa cerca de 30 produtores de carne cachena, disse que o objetivo é continuar a “aumentar a produção”, garantindo um “apertado” controlo da qualidade da carne da que é sujeita a um sistema de certificação desde o produtor até ao consumidor final.

A constituição da confraria resulta de uma parceira entre a Câmara de Arcos de Valdevez, a Cooperativa Agrícola, entidade que gere a denominação de origem da carne Cachena da Peneda, a Associação dos criadores da Raça Cachena, a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo e o PEC Nordeste, empresa do grupo Agros, que opera no apoio à produção pecuária nacional.

Esta raça é explorada em regime extensivo, por vezes quase semisselvagem e é atualmente parte “integrante do património genético de Portugal”.

Aquela carne vai dar o mote ao fim-de-semana gastronómico de Arcos de Valdevez, dias 03 e 04 de março.