A Câmara de Valença assinou hoje o contrato de compra e venda do edifício do antigo colégio português com a Santa Casa da Misericórdia de Valença por 1,65 milhões de euros, revelou a autarquia.
“Damos cumprimento ao primeiro passo do desafio de recuperar o antigo colégio português e a área envolvente. Este é um compromisso e uma legítima aspiração de Valença e dos valencianos, tendo em vista a usufruição deste ‘ex-líbris’ patrimonial e histórico, ao serviço da nossa comunidade, dos residentes e de quem nos visita”, afirmou o presidente da Câmara de Valença, José Manuel Carpinteira, numa nota enviada à agência Lusa.
O autarca socialista da segunda cidade do distrito de Viana do Castelo adianta que o edifício agora propriedade do município, será “um novo espaço de centralidade e de qualificação urbana da cidade, estando em fase de avaliação a utilização futura, com foco nas áreas da Cultura e da Inovação, entre outras”.
O autarca referiu que por se encontrar “devoluto, a prioridade absoluta do município, será uma limpeza geral do complexo, garantindo a sua estabilização e segurança envolvente”.
A proposta de aquisição do imóvel, que até setembro de 2016 funcionou como sede da Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), foi aprovada, por unanimidade, em novembro de 2022 pelo executivo municipal.
Considerado um “imóvel emblemático e icónico” de Valença, o antigo colégio português “nasceu por vontade de um benemérito valenciano, Joaquim Apolinário da Fonseca, bairrista, com uma ampla dedicação à vida social e económica do concelho”.
O benemérito “deixou à Santa Casa da Misericórdia a verba para a construção do asilo Fonseca, um asilo para a infância desvalida. As obras começaram em 1910, mas só em 1928 foi inaugurado”.
Na altura, “a Santa Casa da Misericórdia assinou um contrato de comodato com a congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição que permaneceram no imóvel até setembro de 1974, com a designação de colégio português”.
Posteriormente, o edifício funcionou como liceu, casa da cultura, escola secundária, biblioteca municipal e por fim sede da ESCE. Desde a saída, em 2016, da escola de ensino superior, o imóvel deixou de ter qualquer utilização.
“Ao longo destes 95 anos de existência o imóvel é transversal à história de muitas gerações de valencianos e portugueses que por aqui passaram, nos seus percursos de vida, sobretudo académicos”, destaca a autarquia.
Para o município, o “imóvel carregado de história, é um marco identitário de Valença profundamente ligado aos caminhos de Fátima, sendo uma referência icónica por ter sido no edifício que a Irmã Lúcia entregou em mãos ao bispo de Leiria e Fátima o terceiro segredo de Fátima, para posteriormente, o encaminhar para o Vaticano”.
O “imóvel de planta hexagonal, com um extenso e singular volume de construção de onde se destacam, ainda, a torre do zimbório e a capela de Nossa Senhora de Fátima, destaca-se pela sua imponência a todos quantos circulam nas avenidas centrais de Valença”.