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Alto Minho anseia pelo regresso à normalidade, com reabertura das fronteiras com Espanha

As fronteiras terrestres com Espanha vão reabrir no sábado, anunciou hoje o primeiro-ministro no final da reunião do Conselho de Ministros sobre a última fase de confinamento.

As fronteiras entre Portugal e Espanha estão fechadas desde 31 de janeiro devido à pandemia de covid-19, sendo apenas permitida a passagem, em 18 pontos autorizados, ao transporte internacional de mercadorias, trabalhadores transfronteiriços e de caráter sazonal devidamente documentados, veículos de emergência, socorro e serviço de urgência.

Na Eurorregião Galiza-Norte de Portugal, mais de 12.000 trabalhadores estavam a ser afetados nas deslocações diárias entre local de trabalho e casa, numa das “regiões transfronteiriças mais dinâmicas em toda a União Europeia”.

O caos nas fronteiras da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal” tem vindo a ser um cenário cada vez mais frequente nos pontos fronteiriços e a situação económica do comércio, muito dependente do mercado galego, fortemente afetado pelo prolongamento do fecho das fronteiras, em particular na cidade de Valença.

Esta noite em comunicado, o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho congratulou-se com a reabertura das fronteiras terrestres com Espanha, anunciada pelo Governo, considerando que o Alto Minho e a Galiza “estavam a morrer” com o seu encerramento.

“Ficamos muito satisfeitos. Esta região estava a morrer sem as fronteiras abertas. Dizemos que é tarde, mas mais vale tarde do que nunca”, disse hoje à agência Lusa o diretor do AECT Rio Minho, Fernando Nogueira.

Fernando Nogueira, que é também presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, disse ter contactado com os autarcas da raia e que todos estão “extremamente satisfeitos”.

“A reabertura das fronteiras era ambição e uma luta comum. Todos os autarcas da região do Alto Minho e da Galiza tinham um discurso unânime”, reforçou.

Fernando Nogueira adiantou que “existem compensações para outros setores” e reclamou os mesmos apoios para “os trabalhadores e as empresas transfronteiriças diretamente afetados pelo encerramento das fronteiras”.

“A compensação pelos danos físicos e psicológicos, esses nunca serão compensados, como é óbvio”, destacou.

De acordo com um estudo encomendado pelo AECT Rio Minho ao doutorado em Economia da Universidade de Vigo Xavier Cobas, estima-se que o fecho de fronteiras entre Portugal e Espanha, no primeiro confinamento geral, em 2020, provocou “uma perda de faturação superior a 92 milhões de euros” naquele território.

Segundo as estimativas de Xavier Cobas, o encerramento de fronteiras, durante o primeiro confinamento geral motivado pela pandemia de covid-19, entre 17 de março e 30 de junho, “afetou cerca de 25.000 pessoas em toda a eurorregião Norte de Portugal-Galiza e 10.000 nos distritos de Pontevedra e Viana do Castelo”.

As fronteiras entre Portugal e Espanha estão fechadas desde janeiro devido à pandemia de covid-19, sendo apenas permitida a passagem, em 18 pontos autorizados, ao transporte internacional de mercadorias, trabalhadores transfronteiriços e de caráter sazonal devidamente documentados, veículos de emergência, socorro e serviço de urgência.

Recorde-se que ainda esta semana, centenas de comerciantes e empresários reuniram-se em Valença para exigir a reabertura imediata das fronteiras com a Galiza. O protesto aconteceu no dia em que António Costa visitou a estação de Valença depois de uma primeira viagem de comboio elétrico no último troço da Linha do Minho.