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Quercus congratula-se com desistência da Fortescue da prospeção de lítio no Alto Minho

A Quercus congratulou-se hoje com a desistência da Fortescue de prospeção de lítio na zona de Fojo, no Alto Minho, alertando que a empresa tem ainda outros pedidos de prospeção e pesquisa em Portugal que aguardam decisão.

Em comunicado, a associação ambiental defende que este projeto de prospeção e exploração de Lítio no distrito de Viana do Castelo, nos limites do Parque Nacional da Peneda-Gerês representava “uma ameaça real para a única área protegida em Portugal com esta classificação”, pelo que a sua concretização seria insustentável para o país.

Segundo aquela organização, o projeto de exploração de lítio que agora a empresa australiana Fortescue Metals Group Exploration Pty retirou previa a prospeção de depósitos de minerais (com o objetivo principal o lítio) para um polígono com 74.764 km2, inserido nos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço e Monção.

O polígono de prospeção proposto abrangia o território declarado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera, extensões de área de prospeção inseridas na Reserva Agrícola Nacional e na Reserva Ecológica Nacional, território classificado como Rede Natura 2000, bem como zonas densamente povoadas e densa atividade agrícola.
Abrangia ainda os Vales do rio Minho, do rio Mouro e do rio Vez (Vale Glaciar), confinando com os limites do Parque Nacional Peneda-Gerês.

Segundo a Quercus, caso a autorização tivesse sido concedida, “estaríamos perante a destruição de um mosaico agro-silvo-pastoril de enorme relevância, a degradação de zonas de excelência e alvo de trabalhos de conservação da Natureza únicas no País, a destruição de habitats e ecossistemas de elevada importância de conservação, que contêm espécies ameaçadas, como é o caso do Lobo-ibérico e da Águia-real”.

Também as populações envolventes, refere a associação, seriam vítimas desta atividade, uma vez que seriam afetadas pela poluição do ar, da água e pela degradação dos solos, importantíssimos para o pastoreio e para a agricultura, principais sustentos e contributos para a fixação da população local. Para além disso, sublinha-se em comunicado, o turismo rural, fator que contribui para a fixação da população e crescimento da economia local, seria também gravemente afetado e a título de exemplo, a aldeia de Sistelo, reconhecida pelo Estado Português como Paisagem Cultural de Sistelo”.

A Quercus avisa, contudo, que é importante não esquecer que a empresa mineira australiana Fortescue Metals Group Exploration Pty tem ainda outros pedidos de prospeção e pesquisa em Portugal que aguardam decisão e cujos desenvolvimentos vão ser acompanhados de perto pela associação.

Para a associação, a forma como se pretende substituir os combustíveis fósseis por baterias de iões de lítio é “insustentável” e não corresponde “às necessidades urgentes que o Planeta necessita face à gravidade das alterações climáticas que enfrenta, bem como, aos problemas de perda de biodiversidade já existentes”.

Recorde-se que a australiana Fortescue revelou ontem que desistiu da prospeção de lítio na zona de Fojo, no Alto Minho, após uma “análise mais aprofundada” do pedido enviado à Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG).
Em resposta escrita a um pedido de esclarecimento, a diretora executiva da Fortescue Metals Group, Elizabeth Gaines, explicou que “na sequência de uma análise mais aprofundada” a empresa “avançou com uma revisão das áreas requeridas e alterou uma série de pedidos de acordo com essa análise”, sem especificar as razões para essa revisão.