Entre 20 a 30 cirurgias foram hoje canceladas no hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, devido à greve dos enfermeiros cuja adesão naquela unidade é de 90%, afirmou Nelson Pinto, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
“Foram canceladas todas as cirurgias, porque o número de enfermeiros que ficam para assegurar as salas são insuficientes para que as cirurgias de rotina tenham lugar”, afirmou Nelson Pinto.
O dirigente sindical explicou à Lusa que o primeiro de seis dias de greve dos enfermeiros está a afetar “exclusivamente aos blocos operatório e de cirurgia de ambulatório” do hospital de Santa Luzia, “cuja adesão atinge os 90%”.
Questionado sobre o número de cirurgias canceladas, Nelson Pinto não soube precisar com “exatidão”, mas avançou com uma estimativa de “20 ou 30 cirurgias”.
Segundo aquele responsável, “estavam escalados para os blocos operatório e de cirurgia de ambulatório 50 enfermeiros, sendo que 45 fizeram greve”.
“Os cinco que não aderiram à greve são apenas para garantir a sala de recobro e a urgência”, especificou.
Nelson Pinto admitiu que é “difícil explicar aos doentes que as cirurgias são canceladas por causa da greve”, mas culpou o ministro da Saúde e o primeiro-ministro pelo esse facto ao “não terem cumprido as promessas que fizeram aos enfermeiros”.
Os enfermeiros iniciaram hoje o primeiro de seis dias de greve para exigir ao Governo que apresente uma nova proposta negocial da carreira de enfermagem que vá ao encontro das expectativas dos profissionais e dos compromissos assumidos pela tutela.
Com início às 08:00, a greve realiza-se hoje exclusivamente nos hospitais (blocos operatórios e cirurgia de ambulatório) e na quinta-feira em todas as instituições de saúde do setor público que tenham enfermeiros ao serviço, segundo o pré-aviso de greve.
A paralisação nacional repete-se nos dias 16, 17, 18 e 19 de outubro, dia em que está marcada uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, para exigir do Governo o cumprimento dos compromissos que assumiu mo processo negocial de 2017.
Os sindicatos exigem a revisão da carreira de enfermagem, a definição das condições de acesso às categorias, a grelha salarial, os princípios do sistema de avaliação do desempenho, do regime e organização do tempo de trabalho e as condições e critérios aplicáveis aos concursos.
Reivindicam, entre outras matérias, que a Carreira Especial de Enfermagem seja aplicável a todas as instituições do setor público/SNS e a todos os enfermeiros que nelas exercem independentemente da tipologia do contrato e que sejam consagradas as condições de acesso à aposentação voluntária dos enfermeiros e com direito à pensão completa sejam os 35 anos de serviço e 57 de idade (base inicial para negociação).
Os enfermeiros portugueses cumpriram dois dias de greve nacional nos passados dias 20 e 21 de setembro pelo mesmo motivo e que, segundo os sindicatos, teve uma adesão de 80,4%.
A greve é convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), pelo Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM), pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR) e pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE).