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Navio Gil Eannes reabre a visitas com perda de 50 mil euros em receitas

O navio-museu Gil Eannes, em Viana do Castelo, reabre portas na terça-feira, com restrições impostas pela pandemia de Covid-19 e com uma perda de receitas, em mais de dois meses de encerramento, na ordem dos 50 mil euros.

“Por ano, tínhamos, em média, 100 mil visitantes. Com este encerramento perdermos 40% dessas pessoas. A perda de receitas geradas por esse movimento ultrapassa os 50 mil euros. É um rombo significativo no orçamento anual”, afirmou, esta segunda-feira, o vice-presidente da fundação Gil Eannes, João Lomba da Costa.

O responsável, que falava em conferência de imprensa para anunciar a reabertura do navio-museu ancorado há 22 anos na doca comercial de Viana do Castelo, explicou que, “em termos de percentagem, aquela quebra de receitas representa entre 35 e 40% do orçamento anual da embarcação, que ronda 340 mil euros”.

“Perdemos períodos muito importantes. Até às férias da Páscoa tínhamos o navio-museu sempre cheio de visitas de estudo, durante a Páscoa recebíamos muitos visitantes espanhóis e também perdemos as visitas de estudo de final de ano letivo”, especificou.

O regresso do Gil Eannes à capital do Alto Minho aconteceu a 31 de janeiro de 1998. Ao longo de vários meses foi recuperado nos ainda Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), onde tinha sido construído, em 1955, para apoiar a frota bacalhoeira portuguesa nos mares da Terra Nova e Gronelândia.

Em agosto de 1998 abriu portas como navio-museu, gerido pela fundação, de iniciativa municipal, tendo desde então sido visitado por mais de um milhão de pessoas.

Os dois meses de encerramento devido ao surto do novo coronavírus foram aproveitados “para a reabilitação de áreas que seria muito difícil realizar com o navio-museu a funcionar”.

“Fomos às últimas reservas, mas não ficámos de mãos paradas. Com a ajuda de várias empresas do concelho recuperámos áreas que precisavam de intervenção e adaptámos o navio às regras da Direção-Geral da Saúde (DGS), obtendo a certificação ‘Safe and Clean’. Vamos abrir com total segurança”, reforçou.

João Lomba da Costa explicou que o navio-museu reabre, na terça-feira, a visitas com horário mais reduzido para “cumprir as duas operações de limpeza geral diária a que a embarcação vai ser sujeita e às seis higienizações do percurso dos visitantes e superfícies de toque”, sendo que encerra às segundas-feiras e as visitas de grupo continuam suspensas.

De acordo com aquele responsável, o navio-museu tem condições para receber “45 visitantes em simultâneo, nos 909 metros quadrados de área útil”.

Presente no encontro com os jornalistas, o presidente da Câmara de Viana do Castelo sublinhou que o encerramento do Gil Eannes foi “um ato doloroso para a fundação que ficou privada de mostrar a identidade e a memória de um concelho ligado ao mar” e que, com a reabertura, o Gil Eannes “volta a cumprir, na plenitude a missão que presidiu à sua reabilitação”.

“O Gil Eannes está em Viana do Castelo, mas assume-se como um património nacional porque comporta uma memória coletiva ligada ao mar”, sustentou o autarca.

José Maria Costa agradeceu “às empresas que apoiaram a fundação durante o período difícil de encerramento, oferecendo donativos ou serviços que permitiram reabilitar o navio”.

As visitas ao navio consistem na passagem pela ponte de comando, cozinhas, padaria ou pela casa das máquinas, mas também pelo consultório médico, sala de tratamentos, gabinetes de radiologia e bloco operatório.

A bordo existe ainda um simulador que permite navegar, virtualmente, a saída da barra de Viana do Castelo. O navio está ainda dotado de um percurso museológico e interpretativo sobre a cultura marítima de Viana do Castelo e de um Centro de Documentação Marítima.