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Cerca de 100 voluntários fazem nascer hospital de retaguarda em seminário de Viana do Castelo

Uma semana bastou a cerca de uma centena de voluntários de Viana do Castelo para pôr de pé um hospital preparado para receber doentes de Covid-19, em recuperação, através de uma rede de solidariedade que mobilizou várias freguesias.

O distanciamento social imposto pela pandemia não travou o “querer” da solidariedade de voluntários recrutados em grupos folclóricos, nos escuteiros e a que se juntam sacerdotes, enfermeiros e médicos, no ativo e reformados, bem como empresários, que nos “bastidores” deram “corpo” a uma operação coordenada pela Liga dos Amigos do Hospital de Viana do Castelo (LAHSL).

Em oito dias, o pavilhão gimnodesportivo do seminário diocesano da capital do Alto Minho foi transformado numa enfermaria com 50 camas, refeitório e instalações sanitárias.

“Apenas estamos a dar corpo a um ato de singela solidariedade, juntando um conjunto de esforços de pessoas com capacitações e experiências distintas que se uniram num objetivo comum de criar uma estrutura de apoio que fortaleça a capacidade de resposta do nosso hospital à doença que a todos nos atinge”, diz Rosa Mimoso.

Enfermeira na Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), Rosa Mimoso colabora “há anos” com a Liga e, desta vez, também disse “presente” para ajudar na “preparação física” do hospital.

“Estarei disponível daqui por diante também para, com a ULSAM, participar na dimensão técnica de enfermagem que os doentes que vierem a ser aqui internados necessitarem”, garantiu.

A partir desta segunda-feira, o hospital de retaguarda está pronto a ser dotado das condições “técnicas” necessárias ao acompanhamento dos doentes de Covid-19, missão da responsabilidade da ULSAM.

O “temor” de que as camas previstas no plano de contingência da região “pudessem ser insuficientes face à expansão da pandemia” levou o mentor do projeto, Defensor Moura, a deitar mãos à obra. O apoio do bispo da diocese, Anacleto Oliveira, colocou em marcha a operação que começou pela recolha de camas, colchões, almofadas e lençóis.

“A história dos lençóis é muito curiosa: uma dirigente da Liga lembrou-se de uma costureira de Geraz do Lima que, em tempos, nos tinha ajudado. Contactou-se a senhora que prontamente arranjou mais de 500 metros de pano, numa fábrica de Barroselas. Depois faltava quem cortasse o tecido e o tecido foi parar a uma fábrica de bandeiras em Vila Mou. Já cortado, voltou a Moreira de Geraz do Lima para ser cosido. Agora está aqui, nestas 50 camas, resultantes de todas estas solidariedades”, afirmou Defensor Moura, médico especialista em medicina interna, já reformado.

Os 75 anos de idade do antigo presidente da Câmara de Viana do Castelo colocam-no no grupo de risco da pandemia de Covid-19. Consciente do perigo, não pensou duas vezes: “Não podia ficar parado em casa a cumprir confinamento domiciliário. Tenho o meu filho e sobrinhos, todos médicos, na linha da frente. Era impossível não fazer nada”, desabafou o fundador da Liga.

Sem contactos pessoas, conheceu novas pessoas, “todas prontas a ajudar”, através das “dezenas e dezenas” de telefonemas diários que efetuou para conseguir reuniu o material necessário.

Da mesma maneira “convocou voluntários” e à chamada responderam os escuteiros e o Grupo Etnográfico da Areosa (GEA), os Grupos Folclóricos de Alvarães e de Perre e tantos outros que se foram juntando ao projeto”.

Já no “terreno”, o pavilhão gimnodesportivo, munido de uma máscara e cumprimento o distanciamento de segurança, participou na montagem da estrutura, concluída no sábado, “precisamente oito dias depois” de iniciado o projeto.

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Além do hospital, 15 dias bastaram à Liga para juntar mais de 100 mil euros que vão “ajudar a ULSAM a pagar dez ventiladores já encomendados”.

“Já comunicámos ao conselho de administração da ULSAM que temos dinheiro para comparticipar os 10 primeiros ventiladores. A campanha de angariação de fundos vai continuar porque os ventiladores não são os únicos equipamentos necessários”, frisou.

Parceira no projeto do hospital e na angariação de fundos, a diocese de Viana do Castelo ficou “surpreendida” com o montante reunido por “padres e paroquianos”. “O resultado surpreendeu, quer pela adesão das pessoas, quer pelo montante reunido, em mais de 47 mil euros. Já foram transferidos para a Liga 45 mil para ajudar a pagar os 10 ventiladores” afirmou o padre José Domingos Gomes.

O reitor do seminário diocesano destacou ainda que, “desde a primeira hora”, a diocese disponibilizou os seus “recursos físicos e humanos” para um “combate sem igual”.

“Temos disponíveis 50 quartos individuais no Centro Pastoral Paulo VI, destinados a profissionais de saúde com necessidade de isolamento, e mais 10 quartos e uma camarata com 24 camas no seminário diocesano, prontos para o que fizer falta”, especificou.