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Barcos de Caminha e Castelo do Neiva com acordo de compensação por parque eólico

Quarenta e nove embarcações de Caminha, Vila Praia de Âncora e Castelo do Neiva chegaram a acordo com o consórcio responsável por instalar um parque eólico ao largo de Viana de Castelo e desconvocaram o protesto agendado para hoje.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Pesca Profissional do Rio Minho e Mar, Augusto Porto, sublinhou o facto de as embarcações terem sido, “pela primeira vez, tidas em conta neste processo”, levando a cancelar a contestação marcada para um comício do PS, que prevê a participação do secretário-geral do partido, António Costa.

“Sentimo-nos ouvidos e que todos reconheceram que o processo foi mal conduzido desde o início”, acrescentou, notando que o acordo resultou de um “encontro de mais de três horas com a EDP, a REN, a Secretaria de Estado da Energia e a direção-geral das Pescas”.

Augusto Porto sublinhou “o papel determinante do presidente da Câmara de Caminha”, Miguel Alves, que “conseguiu juntar na mesma mesa todas as entidades que, de forma aberta, debateu o problema”.

“Fez-se justiça”, afirmou.

Questionado pela Lusa sobre o montante da compensação que as 49 embarcações reclamavam, Augusto Porto escusou-se a adiantar valores.
“Todos reconhecem que ficou aquém do merecido, mas o dinheiro não era o importante. O importante era sentirmo-nos ouvidos”, disse.

Os mestres de 49 embarcações de Caminha, Vila Praia de Âncora e Castelo do Neiva exigiram na quarta-feira a “mesma compensação” atribuída a outros pescadores da região pelos prejuízos causados por um parque eólico ao largo de Viana do Castelo.

Em causa está o Windfloat Atlantic (WFA), um projeto de uma central eólica ‘offshore’ (no mar), em Viana do Castelo, orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP, através da EDP Renováveis, e que integra o parceiro tecnológico Principle Power, a Repsol, a capital de risco Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos.

Anteriormente, o Windplus, consórcio titular da Utilização do Espaço Marítimo Nacional, negociou uma compensação de um milhão de euros com 16 armadores de pesca costeira potencialmente afetados pela instalação do parque.

Em agosto, o presidente da Câmara de Viana do Castelo informou ter sido também decidida uma compensação financeira de meio milhão de euros às 28 embarcações de pesca local diretamente afetadas pela instalação do cabo submarino que vai ligar o parque eólico flutuante à rede, instalada no território daquele concelho do Alto Minho, sendo que, dos 500 mil euros, 400 são suportados pela Rede Elétrica Nacional (REN) e os restantes 100 mil euros pela EDP Renováveis.